Tempo doce... Saudades...
Revejo-me... menino pobre, cheio de vida, perambulando pelas ruas da Velha Cap: Candangolândia, Vila do IAPI, Vila Tenório, Cidade Livre, L2, acampamentos, Córrego do Jardim e beira do lago...
Hora vadiando, hora engraxando sapatos nos postos e alojamentos, hora trocando gibis na porta do cinema, hora estudando na tão querida Júlia Kubitschek... e hora jogando bola...
Lamento a história “enriquecida” de eventos... e figuras políticas... vazia daqueles que a construíram: o povo.
Lamento o descaso com o Júlia e sua destruição.
Lamento pelos alojamentos, etc... Fazer o quê?
Portanto, caro amigo... acaso dês por aqui, e disto porventura leias...
E se tiveres, de alguma maneira, gosto por escrever, pintar, fotografar etc., registre algo.
De ti. Do seu recanto. Das suas impressões.
Escreva uma crônica, um poema, uma narrativa... o que for.
Que seja uma linha, ou que soe pedante... quixotesca algaravia... com frases ininteligíveis... quebradas... com passagens abruptas, etc.
Pouco importa.
Mesmo assim, sairá melhor que o solene descaso — garanto — de administradores e historiadores oficiais.
A alma candanga... rústica como concreto armado e, na epopeia de um sonho, modelada e suavizada no dia a dia — como se da prancheta mágica de Oscar Niemeyer fluísse...
Essa, sim, merecia... merecia sorte melhor...
Bom...
Para finalizar a abordagem, eu não poderia deixar de registrar a passagem do meu boníssimo tio Miguel.
Pioneiro. Funcionário da carpintaria do DAE.
Viveu para ajudar.
Grande tio... hora um... hora outro...
Não estive no sepultamento — avisado que não fui... a tempo.
Contou-me o primo Altamir ("Tamiro") que, no sepultamento, ao ouvir do tio que era um pioneiro, o coveiro perguntou se por acaso ele não recebera de JK uma carta.
Resposta afirmativa.
Ponderou então que ali o tio não poderia ser sepultado.
E, depois de contato com a administração, conduziu o cortejo — o parentesco — até um recanto destinado aos pioneiros, por ordem do então presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Na área de sua própria e venerada sepultura — isto segundo o primo.
O tio, que devotara sua juventude, trabalho e fé na construção de Brasília, não fora esquecido.
Pelo “chefe”.
O grande JK.
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