Os dois córregos "Rascunho"

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Pompílio, o nome que emprestáramos do proprietário de área e margem do córrego que englobava de velha cerâmica  em atividade a época. Área, enorme e claro, o Pompilio, nosso  poço de banho e folguedos (antes da poluição) foi  o palco de muitas  disputas de pique pega embaixo d'água,  canga pé e  exibicionismos que resumiam se: de saltos de pé  e mergulho do alto de galhos de arvore, a margem do poço e que de ousadias o auge, consistia:de  tremulante forquilha no alto e copa, que não ousavamos de ponta cabeça, (mergulho) pulavamos de pé. Porém um dia, um moleque que não conheciamos,ousado, e como nós  subindo a árvore, mergulhou  com estilo, bonito,  ousando até  o limite de mais corajosos de nós, ultrapassando...do ponto em que saltara,embiquei, encarando, ele um pouco mais, eu acompanhando, até que e tinha que ser ela: a forquilha tremulante, ele subiu, e de ramificações laterais agarrando e como que sobre um naco de gelatina,procurando apoio, equilibrando se, arregou, já não era sem tempo...

Eu subi então, e, em ramificações laterais agarrado, tremulando como ele, olhando para o poço que do alto, parecia diminuto, pensei recuar, não seria vergonha, o moleque recuou, olhavam, instigavam, os amigos, o ego,...o ego, a afronta... seja como Deus quizer: embiquei,  arqueando,  pernas dobrando, quase batendo de costas.. emergi... lívido... graças a Deus e, para nunca mais...







 Passávamos defronte a casa do Sr Pompílio, em demanda do poço  e ponte velha  de  madeira, que em dia de chuva forte,  pela força das águas arrancada ( passavamos de mergulho sob ela)  restaria  de vão, dois enormes troncos, meio  carcomidos e que atravessavamos de boa.

 Ficava em derivação de estrada que costeava Planaltina, um pouco abaixo em direção a mata ciliar e  ponte velha sobre o córrego, localizava se a casa dele e logo após e também, de sua propriedade a velha cerâmica.  No lombo de curva a direita quase em  S,  após a casa casa, figurava de  outra e enorme propriedade de um outro senhor, também na região conceituado, assim como o sr Pompílio: um aramado farpado de cerca: o dr João que também, e de ouvirmos falar apenas,conheciamos...

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No interior, parte baixa da propriedade, orla da mata, com aspectos de abandono, resquícios, ruinas de velha usina ou engenho de cana de açucar, outrora importante. Um velho galpão carcomido pelo tempo, um barracão em desuso, com quinquilharias, uma mala velha com revistas dos anos quarenta, restolho de antigas publicações,  antigos apetrechos ou o que  deles restava... fragmentos de parede e alicerces um pouco abaixo e muro de pedra, alto, por onde e em toda a sua extensão sobre ele, correra, uma caudalosa bica e até o antigo galpão do antigo moinho e maquinário: presumo eu.
O galpão ainda de pé e com telhado e vigas de aroeira, repletas de morcegos pendurados, e que de intensa revoada que provocavamos, alvejando os com estilingues. No desemboque do galpão, em meio do alto do muro de pedra, brotara, enraizara, crescera e estendera  suas galhas a volta do galpão e bica,  uma gameleira, de médio porte.

Tomada, entranhada de mato, a esquerda e frente do  galpão: uma peça enorme, da velha moenda, presumo, ecom data gravada: 1860, eu, desde a época, achava interessante. 
 


O terreno ou área que a cerâmica  a época englobava e que se compunha com tres fornos, sendo que o principal e maior deles, logo na entrada, com moenda giratória e varais e tração animal em amassando, revolvendo o barro, mourejavam em movimentos circulares, por todo o dia, uma junta de bois.
 Extensa a área da ceramica, continha para além de fornos e casas de funcionários, exparsas lagoas  oriundas da extração de barro, ou buracos alagados.  Na orla da mata, proximidades de último e mais distante forno, era e através da mata e brejo, a picada e ponto que adentravamos, em demanda ao que denominavamos: dois córregos.
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Após a ponte, por trilheiro batido a direita e arame farpado transposto, em direção ao velho forno e orla da mata, sarobal brejado e recoberta com varas por conta de atolamentos: a picada  em que munidos  com improvisadas varas de pescar de pidaiba, rústico embornal de lona que com restos  de encerado eu confeccionava e com um litro,  lata de óleo de cozinha com alça e de um de lado aberta e com vela  acesa no interior e foco, como lanterna e, lata 3.6 litros  de tinta com estrume de gado , que mantínhamos perto de nós queimando, por  conta da quantidade e voracidade  de  muriçocas a noite.


Entravamos na picada pisando e caminhando sobre em varas estendidas no brejo, de quando em quando, o pé resvalava e atolávamos, por vezes até a coxa, em meio a troças e muitas risadas. Após o sarobal brejado, uma de  lagoinhas, passávamos ao lado de duas, já sob mata fechada e  terreno firme, coberto de folhas secas e apodrecidas. A vegetação era rica, composta de um entrelaçado de arvores com cipós e arbustos, variadas bromélias e samambaias inclusive de xaxim, enormes, com sua copa e tronco e no alto em forquilhas depressões em troncos de arvores, algumas, belas e inatingíveis orquídeas...

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Havia trilheiros  de capivara e preás por toda a parte e até cotia já deparamos. chegávamos no primeiro de córregos, geralmente no crepúsculo e boca da noite, atravessávamos por pinguela que consistia de tronco de arvore, não muito grosso, sobre ele, atravessado e chegávamos a faixa de terra entre os dois córregos ou braços estreitos e profundos de um mesmo córrego que se dividia e afluía, até a fusão e reencontro em curso maior de aguas, que costeava Planaltina.

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Oscilávamos dentre um  e outro  córrego, a procura de  remansos e era só afundar o anzol, para sentir o puxavanco e outros mais  para fisgarmos, quase com a ponta da vara a tocar a água e arrastarmos, debatendo, pesando, entortando a vara, geralmente de pindaíba, lutando, bagres, de bom tamanho e de quando em quando, algum e que dava gosto, enorme...E, noite alta, iluminados pelo foco de vela, com a lata exaurindo o resto de bosta e fumaça: tomávamos de volta o caminho. Numa destas, por trilheiro, fila indiana e travessa de pinguela que  atravessei, o Nobré logo atrás, Josué, também atravessou e o Pelica, Pelicano, Levi, irmão do Nobré, quando a meio, balançou, tentou  segurar, em que,  sabe se lá, e tchibum, só vi da cabeça os cabelinhos, sumirem para logo após e encharcados  reaparecerem..., a beira de pinguela em que se agarrava na tentava escalar e sair todo encharcado e inconformado sob a risaiada e acusando o irmão da queda e merda . Edição

     foto DU Zuppani









Bom apresentei um de nossos costumeiros locais de folguedos e pesca. Pretendi com isso ,dentre outras coisas, evidenciar a  composição natural diversificada e riquíssima nos diversos aspectos e desprezada, da região em que se localiza Planaltina DF . Embora que a maior parte tenha se perdido, ainda resta muito de interessante, que a região possa oferecer, como aguas emendadas. Intentei  algumas vezes por andanças de menino, localizar através de sinais ou resquícios, o sitio em que  se estabelecera de oficina e moradia, o célebre mestre de àrmas, de qual originara se e de arraial e região a época, o nome .Por vezes intentara localizar a famosa e histórica estrada real que pela região  e devo por muitas vezes ter e sem saber, atravessado. Desconfio de trecho muito antigo entre o corrégo furnal, (fumal) e a lagoa bonita,( aguas emendadas)  por conta de sulcos  na terra batida e dura, compactada, por rodas de carro de boi no tempo, provavelmente. (edição continua)
                        
                                
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 O desconhecimento  dos habitantes e desinteresse de autoridades e mais esclarecidos, sobre isso, de localizarem-na, resgatarem de história e preservarem para futuras gerações. Quanto aos  amigos que conheci em Planaltina e oriundos da velha cap, cada qual, com suas particularidades,  te-los conhecido, como foi bom e preencheu...o Fernando, negrão, ô negão algumas pessoas dirigiam se a ele desse modo e não havia conotação, intenção alguma de racismo, (tipo guarda roupa) fortíssimo e inteligente, tinha sempre a última palavra em se tratando de componentes do cerrado; quando deparávamos algo que não conhecíamos, ele logo, de pronto o distinguia, (tinha realmente bom conhecimento) Era só aparecer um inseto, pássaro, animal, árvore ou um fruto qualquer que estranhássemos e ele sapecar o nome: é um sibite, quando se tratava de pássaro de pequeno porte pássaro quando pequeno porte, concluía se a partir de então que na região e cerrados de planaltina tinha sibite pra todo gosto,  de diversas cores e formato.

                                                                                                                      
                                                                                                                  "topetudo"                  
                                                                                                                                www.wikiaves.com


                                                                                        


                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 
Tinha a formiga onça e gostávamos de observa-la, com o              devido respeito e cuidado com a possibilidade de ferroadas que reputávamos por dolorosa...variedade de aranhas, lagartos e cobras, tinha o melêta (tamanduá mirim) tatú, raposa, veado campeiro.. o piolho de urubu...assoprávamos em suas armadilhas, até descobri-los...o besouro rola bosta etc.
 




    Piolho de urubu     


                                                                                 foto Bio blog           
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         H Ralf lundgren
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         Formiga onça

                                                                                                                                                                                                                                               
O bate bunda, pequeno pássaro marrom que corria pelo chão, alçando
pequenos voos e assentando, logo a frente para correr de novo e, por muita de vezes sob a mira de estilingues,( cultura de época em meio a molecada) infelizmente...




                                                 Andarilho "bate bunda" foto Rafael Bessa   







Isto sem falar de rãs e gías pimenta que nos brejados a noite, munidos com  uma lanterna e chuço espetávamos.



ufv.br Gia pimenta
A tanajura, inventamos em uma de revoadas, capturar baciada delas, retirar suas bundas, fritar e comer com farinha...e não poderia deixar de lembrar de gias pimenta e rãs de beiras de córrego e brejado formado do escorrido de torneiras de esquina de quadras, onde se tomava banho debaixo delas e se  buscava em latas de vinte litros, água para uso diverso, fornecidas e de ilícios do bairro, (vila buritis, hoje setor leste) pela administração regional 


...Codornas, Nambus, perdizes, juritis, gralhas, pica paus, rolinhas, Joãos bobos, Almas de gato, etc, na mira de nossos estilingues, volta e meia deparávamos com um veado. e numa destas o Batista protagonizou uma cagada, acertou  acertou um balaço de estilingue no flanco de um deles, e este mesmo batista acertou, em pleno voo a asa de um gavião, ele deu um giro feito   avião em acobracias  e continuou a performance de voo. Aplaudo hoje iniciativas como do Águas Emendadas em que o Evando Lopes,  fotografa e divulga espécimes do cerrado e natureza, contribuindo para a preservação deste tesouro sem preço, para  futuras gerações. ( edição, continua)
                                                                                                                 Gavião cinza foto Cláudio Timm





Na década  de setenta de sua estadia no exército o Batista trouxe uma novidade que daria muito o que falar e mudaria as coisas em Planaltina e em nossas vidas...A maconha...Depois de de um vicio que durou quinze anos consegui escapar eu e alguns outros... Mais esta é outra história, talvez um dia eu a aborde e nela me aprofunde...Quanto aos meus amigos Fernando, Renê, Batista, os tats Elias e Daniel etc resta um "consolo" atualmente "esgarranchados" moram, onde outrora um de nossos pomares naturais. existia...e o nome do lugar: vila garrancho, pode... quando der, vou visita-los.

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