O sonho capitulo 2

                                                                     A Ficção                                                                                                                                                                        

Algo na dinâmica das luzes... enquanto falava — e pausava — começou assim, pela percepção: de que as luzes ao redor começavam a alternar-se em velocidade crescente, fundindo-se num turbilhão que acelerava e, à medida que acelerava, reduzia os entornos, aproximava.

Passou-me, então, a imaginação — ou leseira — de que eu poderia estar no interior, ou no núcleo, de um poderoso dínamo em plena atividade, encaminhando-se para um inevitável desfecho.

E esse desfecho culminou como o disparo de um enorme flash.

Vi-me projetado, em meio ao turbilhão, como num mergulho interminável.                                                   
                                                                                                                                                            
                                                                            
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Cores, formas, sons e odores — tudo me passava ao redor, ampliado de percepções, numa exaltação dos sentidos. Ou talvez fosse a impressão de uma enorme tela surgindo do nada, aparecendo para absorver-me por completo — atenção capturada — como parte passiva, ativa, que integrava, mas não tomava parte.

Observando... via, sentia, auscultava, percebia formas, cenários que se sucediam.

E no firmamento, luzeiros em movimento — como na Noite Estrelada de Van Gogh — e era como se adentrasse a Via Láctea. Vi meteoros riscarem, de passagem, o horizonte da tela; artefatos descartados vagavam, exauridos de terem servido, entregues à própria sorte e à reciclagem de épocas e mundos que mais pareciam de sonho.

Fundiam-se, de modo inusitado: presente, futuro e passado — como vindas e idas, chegadas e partidas — espirais em roda onde o barro se amolda, em mãos de vento, de tempo e de movimento.

Sob o malho em bigornas, e água fria, resfria-se a forma — feita de humores, de vapores que exalam do forno e retornam, peculiares, como obra mal-acabada que ainda se burila, e é burilada, na roda da vida.

                                                                                                                                                           
                                                                                  

                   Vi torres que se erigiam, e afluía-se em torno delas o nomadismo. E, à medida que cresciam, mais atraíam, mais concentravam e abrangiam — dominando umas sobre as outras, cooptando ao redor.

Dentre todas as que se erguiam, conquanto crescessem, destacou-se uma — outra, distinta — sobre todas as demais, em intenções e proporções: pretendia atingir os céus, alcançar o ápice do poder sobre a diversidade de torres que se levantava, e sobre a multidão que afluía ao redor — povos e reinos da natureza — sobrepondo-se às divindades.

Ó colossal diversidade da obra natural, que se estende ao infinito...
Raças, credos, costumes, línguas, dialetos, cores, interesses — tudo sob o prisma da conveniência — numa intensa e ancestral batalha interior entre ciências do bem e do mal, manias e esquisitices, amalgamados, contidos, limitados e explorados desde o interior, a circunferência, os arrabaldes, a sombra de influências dessa torre colossal.

Torre imensa, que sobrepujara, dominara todas as outras — e ousara atingir os céus, igualar-se, sobrepor-se à divindade.

Mas implodiria...

Sob a pressão de lutas internas, corrupção e distorção — sob a égide ancestral e intensa das batalhas entre o bem e o mal, insufladas por conveniências laterais e interesses contrariados, por privilégios e exploração, por escravização dos mais fracos, por degradação moral, decadência e insolvência...

Fato este que se repetiria, ao longo da história e da trajetória das torres imensas do ego humano — erguidas entre capacidades e necessidades, virtudes e defeitos, interesses e conveniências.                                                                          fr.Athanasius Kircher, reco...pinterest
                                                       
                                                                                    
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Teorias e alegorias, fé e ciência, método e crença — tudo se mesclava e, ao longo da história e da trajetória humana, também se negava, se digladiava por razões de experimentos e de sentimento, conforme o entorno e os tempos.

Estruturas, proselitismos e ativismos erguiam-se e ruíam...

Acaso e criacionismo — na dependência de Deus, Javé, o Eterno Criador de todas as coisas — inclusive o bóson e tudo mais que se concebe como surgido ao acaso: convulsões cósmicas, dependências e consequências do Big Bang, que abriram novas comportas e horizontes.

Tudo como que reportando, em última instância, às ciências que ainda se apoiam no acaso — dízima periódica do mistério.

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                                                                                             doutor matemático -blogger

..Certo é que, do inusitado — nos reinos do natural e do animal — abrolharia a racionalidade:

Obra de extensa, variadíssima e sapientíssima cadeia de dependências — organizadas, esquematizadas — seja pelo acaso, seja por princípios do Todo-Poderoso, presentes da determinação de se reproduzir a vontade:

Semelhança de jornadas e aprendizados — das ciências — na dependência...

Fato que se enovela, se desenrola, reverbera — nos umbigos da história — advento fatal e suas sequelas:

O pomo de Adão — o fruto proibido — algo entalado, mal digerido, incrustado e entranhado, das ciências do bem e do mal, na desobediência e no despreparo...

Nó, gema, secção — de rama que brota, rebrota — e de aléias que se espalham pela Terra:

O germe da civilização.

E o Jardim — que, de imaginação, se reporta — suspenso.

O Espírito, que pairava sobre as águas, soprava o caldo: a sopa primordial.

O vento e os elementos, moléculas e átomos,

No limo e no imo do tempo — fermento e vento —

No advento que aglutina, ancora,

De partículas e elementos que amoldam formas e detritos,

Do choque dos atritos —

Do Big Bang, calor e luz,

Das algas e da clorofila,

Dos reinos, da composição da matéria,

Em que circula a seiva, o sangue, a água —

Nos circuitos da vida:

Por tecidos, texturas e fibras,

Por corixos, em regatos, riachos, lagoas, lagos, fontes,

Em mares e oceanos,

Em rios —

Confluências de rios:

No Éden.

                                                                  
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Umbigo da história e trajetória do homem —

De germe, no glúten e no cerne das epidermes, do tecido social — em civilização.

Fábula...? Parábola...? Quadros da história...? Ciência...? Sapiências do acaso...?

Na origem e no ocaso — na história e trajetória —

De sopro e caldo, de sopa e barro,

Na roda em que se amolda a forma —

De torno e de contornos,
De água, de ar, de fogo,
Do verbo e dos advérbios,
Do caos e do acaso —

Em que tudo se organiza,
Se esquematiza em esferas, atmosferas,

De sul e norte,
Consortes,
Dualidades que imantam a bússola,
O timão e o capitão,
A rota, os movimentos e os adventos,

Na rosa dos ventos.                     
                                                                          

     Abrolha, pelado e inusitado, da diversidade, o inusitado. Eclode em purezas de inocência e contextos de obediência: à racionalidade.

O free, a liberdade — e, nos limites da racionalidade, um “não” peremptório: de eventos e adventos na roda do tempo e do livre-arbítrio de escolhas, transitórias. Mas... a tentação: de burlar o “não”, de violar o veto, o proibido e mal compreendido, saltar etapas, colar na prova, obter salvo-conduto, nota, boa nova, diploma e broma — anteparo dos despreparos: a jornada.

A dualidade — no sopro, no calor, no som e no verbo — que formula, na diversidade, o paradoxo: binária composição de conteúdo, expressão e movimento. Antípodas que se atraem e repelem, que se tocam e se misturam — expressões do todo e da expansão, da forma e da obra...

O milagre em que a vida abrolha.

E outro milagre mais — para desconforto de estudiosos da ciência e do método: com o que, e para a glória dos homens, escarafuncha-se. Pois Deus oculta.

E só de natural pipeta — ou cartola de fé e sentimento verdadeiro — se traduz o milagre: formulado de sopro e som, a Palavra que abarca.

Eclode, brota, desponta, emerge — incorporada de luz e trevas, de antípodas que se tocam e se misturam.

Como bocado comido às pressas, mal digerido, engasgado e entalado na garganta de Adão — e seu pomo — da concórdia e da discórdia: a racionalidade.

Premissas de ciência, crença de um caldo primordial — a sopa original — a reprodução binária de origens não destoaria do Éden: da forma, do barro, do ser pelado, binário e extraordinário, onde abrolha a racionalidade e, separado em gêneros, por cissiparidade...

Aventaria-se — em substratos relatos — a existência de Lilith, a primeira mulher de Adão, sobre a face da Terra. Curiosamente, relatam que encarnava ciência e má natureza — em contraste à boa natureza de Adão.

Mas Lilith, mesmo separada — embora não se entendessem — decaiu em apatia, desânimo, tristeza...

Fez-se então, por ciências do Alto, que caísse Adão em profundo sono. E, de sua costela e forma, projetou-se, amoldando-se Eva — e assim como de Adão, a índole: de boa e profícua natureza.

A tentação — e, das ciências, a rebeldia — já despontada, projetada de anjos e Lilith, pela boca da serpente: o apetite do fruto apetecível dos inconformismos.

A desobediência — premida de curiosidades.

Nesse caso, de acasos da diversidade, projeções, ilusões: sede de conhecimento e despreparo de concepções.

A prova — e a cola.

O diploma — sem lastro de passo a passo, de caminhada e jornada.                                                                                                       pinterest
                                                                                                                           
                                                                                                                                 
                                                                                   
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   A tentação do atalho e da posse —

Passo precipitado,

Em descompassos de conhecimentos e discernimento,

De posse — e sob posse — de saber e ignorância,

Em alternâncias, em mistura, em inconstâncias,

De domínio e predomínios,

De ciências e consequências...

O bem e o mal — de mãos dadas, entrelaçadas na estrada —

E a tentação, semeando por espaços e terraços da grande torre,

A imensa torre da civilização —

Umbigo e nó da história e trajetória do homem —

Que se encontra, ainda, no Éden:

De ciências e prevalências,

De tentação de serpente, na desobediência —

E nas consequências danosas, desastrosas,

De aprendizados mal ajambrados,

De usos e aplicações que exigiriam conserto —

(E também com "c", para a carne e o espírito...)

Artes de Esculápio — ou, se preferires, Asclépio —

A serpente no bastão... que coisa.

Enquanto — e porquanto — se espera

O justo, o salvador:

De pátrias, de humanidade, de almas —

Perdidas, combalidas de desejo frustrado,

Presas ao medo — interno e externo —

À espera da vinda (ou da volta)

Do Mashiach do judaísmo,

Ou do Messias do cristianismo.

Para que conserte — e dê concerto — à face da Terra.

Para que estabeleça o Justo.

Enquanto, e porquanto, se espera —

De épocas, de tempos, que se comportam na Terra,

Que vingue, brote, se desenvolva, cresça —

E se estabeleça —

Da semente outrora espargida,

E de exemplos regada,

Por percalços e cadafalsos —

Ao custo da própria vida cultivada —

Para que, de tempo e advento,

De porta que se abra —

De comporta —

Floresça.

Frutifique.

Estabeleça o Justo.                                                                      
                                                                                                           

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A ciência e a crença,
O método e o dogma —
Paralelos, discordantes, irrefutáveis —

De buscas e rebuscas,
De incessante procura pela prevalência da verdade:

A interpretação das leis,
Da mecânica universal,
Subordinadas a princípios,
Pilares da criação —

Pater, Mater
Originados de Deus... ou do acaso.

Certo é que,
Seja de Deus ou dos acasos em sua diversidade,
Fosse o DNA do método buscado,
Embora — no acaso — se achassem apenas resquícios, traços...

Em Deus, porém,
A bateria de probabilidades
Seria vencida a cem por cento.

Encontrar-se-ia Deus em tudo,
Em toda parte da criação e dos reinos.

Encontrar-se-ia a memória — toda ela —
Não só fragmentos ou resquícios.

Encontrar-se-ia o sentimento, os instintos,
A racionalidade, a ética, o amor,
A misericórdia e a sabedoria —

De tudo, na imensa obra,
Inclusive: o tempo e o movimento,
A rosa dos ventos,
As conjunções, convulsões, revoluções —
E o próprio acaso.


A ordem no caos,
A ordenação e o equilíbrio:

O prumo,
A linha e o nível,
A balança de precisão em que a ciência se ancora —

Nas obras, inovações e descobertas do homem em civilização.

Princípios que se abalizam em ética,
Valores morais,
No amálgama de nações e povos.

E quanto maior a sintonia,
A fidedignidade, os propósitos, a cultura
Na correlação dos povos com o Princípio —

Maior a satisfação,
A segurança,
A confiança,
A abrangência de estabilidade.


Ciência, fé, método, crença —
E as convergências de necessidades do Justo:

Comportamentos,
Medidas,
Sentimentos,
Provimentos,
Atitudes...

Princípio que aglutina,
Que dirime,
Que faz convergir diferenças em torno do bem comum —

Propósito que atenda a todos.

Encontram-se presentes nas leis,
Na mecânica universal,
Nos princípios da natureza,
Na obra da Criação.


O bem e o mal,
O advento fatal:

Conhecimento e ignorância
No despreparo e na inconstância do ser humano.

Na dependência do Justo,
Do sentimento,
Do discernimento das escolhas
Na estrada e na jornada:

De apreensões e descartes,
De sementes e searas,

De construção interior,
E de cultivos.

Porque, de jornada e meta,
De interior construção e civilização —

O Justo é condição,
É interação em sociedade.

Porquanto o bem e o mal,
A gestão,
O conhecimento e a ignorância,
Na inconstância —

Do norte, das serpentes,
Das peçonhas —
É que se extrai o antídoto.

No altar e na pira,
Onde o ego não se torna deus.

Entre muralhas,
No pátio —
E no cavalo de Troia —

Evita-se, rejeita-se, ignora-se:

Os sussurros,
Os apelos da tentação,
Os subornos,
As propinas,
Os desvios,
Os atalhos,
As ciladas —

Por entre as encruzilhadas dos caminhos...

E do destino.    
                                                                      

                                                                                                        istockfhoto.com
  

De advento fatal e conhecimento mal adquirido,
Em momentos de despreparo e mal digerido,
De ciências do bem e do mal,
De psique e estágios do ser humano na obra da criação —
Esteriorizada na obra de suas mãos e na estrada,
Embasada em instintos, interesses da racionalidade,
No embate interno, nos despreparos e na torre interior —
Por altares de egos, em que toda aquela gente convergia:
Por caminhos, descaminhos e destinos,
Atraídos para a grande, imensa torre que se erigia, crescia,
Tomava forma, subia,
Com o intuito de atingir os céus...
E de todo aquele rescaldo de diversidade à volta da torre,
Aglutinado, amontoado,
À procura de espaço e razão,
Brotariam questões, senões, crenças e divergências —
Em torno, e no escopo, de esteriorizados,
Em diversidade coletivizada de internas torres,
Em embates de formação na diversidade,
Sob a demanda de interesses e necessidades,
Sob o prisma do domínio da força,
Onde prepondera a crença.

Da confluência de rios, memórias...
Jardins suspensos...
O tempo que se estenderia:
Acádio, Assírio, Babilônico...
Numa epopeia de Gilgamesh em busca da eternidade,
Sob a interação e domínio de deuses e semideuses,
Em cismares do homem sobre si mesmo e o meio,
Sobre a imensa e viva obra que ao infinito se estendia,
Propagava-se em diversidade, na qual se encontrava inserido...

E, em cismares de homem e meio e de permeio,
Interações, contemplações
Da grande, imensa, colossal —
(Palavras não abarcam) —
Obra da criação,
Da diversidade de representações da divindade,
Eleitas manifestações,
Mecanismos de transformações e conformações
Dos elementos da matéria.

Um homem foi mais longe, ousou, percrustou,
De profundo a pano de fundo,
Da história, da memória, do sentir e existir,
De momentos e fundamentos da semente que brota da terra,
Regada, iluminada,
De rama que se expande, abriga, floresce,
Do fruto que sacia,
Da semente de volta,
Ninho, rama e bico,
Que se aninha, abriga, choca, rebrota —
Na ida e volta, de noite e dia,
De estações no tempo,
Fundamentos do eterno retorno,
De princípio e fim:

Encontrara Deus,
O princípio criador, divino, sagrado —
(Palavras não abarcam) —
E com Ele, a ética...
Com a ética, princípios elevados,
Valores que norteiam o caminho,
A vereda do justo...


                                                                  medium.com


Encontrara a fé e, com ela, o horizonte, a determinação e a coragem...
Revelara-se de busca e rota, propósito e certeza,
De natureza interior que exterioriza o norte,
Lançada à sorte, de albores da fé aspergida, semeada em terra fértil, prometida,
Que mana leite e mel,
Controlado, dominado o fel de agruras da jornada,
De procuras em que se procura...

O princípio e a ética, valores elevados e a lei...
Do alto, em pedra gravada, que desce o monte para discernir, iluminar, orientar a rota
Em meio a turbulências e despreparo interno —
De ciências, conhecimentos e experimentos de bem e mal, de escolhas, de condutas...
Há que, em tábuas da alma, se grave
A condição do justo...
Da justa herança do pai, a discórdia dos filhos,
Na partilha da terra, de meios, do pão e da liberdade,
Do conhecimento e discernimento,
De conclusão e escolhas...

“Deus sabe que no dia em que dele comerdes,
Então vossos olhos serão abertos,
E sereis como deuses,
Conhecendo o bem e o mal...”

Ó diáspora da inocência, em que a malícia despertada de ciências entronizara a astúcia,
De argúcias a desconfiança...
Ó batalha interna, em que de todos espraia
O fruto mal repartido e dividido...
Experimentara a condição de forte,
O poder, a glória, a pompa, o domínio, a imposição,
E o gosto amargo da sujeição...
Sorvera o prazer e a dor, o riso e o pranto,
A abundância e a penúria,
A fealdade, a formosura,
Bonança e agruras...
Na estrada, de claridades obtivera nuances de horizontes,
O flash dos profetas, o alerta dos atalaias,
Reprimendas e alento,
O fomento e a esperança,
A boa nova... e a prova...

Dentre razões de insano e tacões de tirano,
Abrolhou-se, da gestão, o justo,
De princípios e razões que não se manteram,
Sustentara-se de exemplos e fomento para toda a terra...
Recaíra logo, de pronto,
Retroagira de conceitos e preceitos,
A nação dividida, sob tropeços, percalços de gestão e dominação de impérios.

De tudo provara, experimentara,
Da força bruta e da conduta,
Suplantação colossal:
O forte pelo fraco e pequenino,
Imbuído de valores e fé,
Dominação e sujeição...

Então, e sob o tacão da época, de império e tempo,
A boa nova... e a prova que adviria...
Em boa parte da terra,
Amor em ódio transmutaria,
Perdão em vingança,
Discriminação, perseguição e guerra,
Dividir-se-ia,
De momentos o tempo...

Quem era, quem foi e como era aquele homem,
Em essência, em estatura, seus feitos, palavras e atitudes...
Em ciências do bem e do mal...
Repercussões...
Perguntas, indagações, dúvidas...
E o medo delas...
De se romper a linha tênue da fé,
Perder-se o foco,
De púlpitos e sacristias,
Fomento...
Descambar por heresias...

Poderia abrolhar-se,
Do patriciado romano, senhor de escravos e amo no tempo e momentos,
Engendrar, de humilde figura,
Pompa e triunfal glória,
Sobre cria de jumento...
Oferecer-se de outra face e sermão da montanha...

Constantino... e Paulo, Saulo de Tarso,
Quem seria?
Como desenvolvera-se e teria sido?
Que tamanho argumento transpassasse o tempo,
Que elaborasse, lograsse,
Que cooptasse, não obstante escória e povo pobre,
Todo um império e vasto mundo de gentes,
De toda a casta, reinados, cortes e governanças...?

Qual, quais, o quanto de possibilidades, distorções,
Customizações de concílios na história e trajetória,
Revestiriam-se, em torno de um propósito,
Homens de momentânea infalibilidade...?

Resistiria a tradição oral de um povo na história,
A diversidade natural e propensões tendenciosas,
Em meio ao povo e relatos repassados por milênios,
Sob dispêndio,
Ao longo da história,
De bens e própria vida...

Veleidades de texto em que o imperfeito tateia...
Ó racionalidade que abrolha em meio à diversidade:
O que buscas?
O que procuras?
Que espécie de cura?
Em que te escoras,
No badalo das horas,
A que te proponhas rabiscar em pedra,
Quimeras e sonhos...
Gravar, eternizar efêmeros,
Passagem e destino...

Queres ser como Deus, eterno e todo-poderoso,
Todavia, por muitas vias,
Não sois magnânimo, generoso...
Tampouco obra sua, em que traçastes e com princípios não alicerçastes,
Optaste pelo meio-termo,
Assim como escopo que a sustentasse: altos valores...
Erigistes altar no ego e de oferendas,
Curvastes à lisonja...
Não reconhecestes tua semelhança, em demais,
Do princípio e pai, que aglutina, dirime e dá sentido,
Em mútua servidão na diversidade,
Que é amálgama de comum propósito,
De estabilidade à diversidade,
De convergências e sustentação do todo,
Para com o todo e o bem comum...

Escravizaste o vencido, submeteste de vontade e liberdades,
Razões e opiniões em cativeiro,
Conquanto dobrara-se a divindades,
Ofertara a espera de lucro gordo, de retorno e estorno,
De eleitos o favoritismo,
Pompa, poder e glória,
Um nome egrégio na história,
Regado a privilégios...

Vieram guerras, pelo domínio e posses da terra,
De almas, meios e mercados,
Em que o suor destila riquezas
Em poucas, limitadas e abastadas mesas...

Burguesia que da servidão aflora,
De talentos e capacidades de ser humano,
Que não escolhe cor, crença, extratos e raça,
Brota, sai de latifúndios para o empreendimento e comércio de grandes cidades...

Paradoxo, veleidades de ser humano,
Que de rescaldo desumano, noite e dia,
Explorado por aristocracia afeita a privilégios da corte e trono,
De pompa e luxo de custeios,
Que emanam do suor alheio, o dia inteiro,
Do trabalho de meeiros via latifúndio,
De onde brotaria, germinaria a burguesia...



Seres humanos, enfim, por fim,
Independente das configurações,
O explorado que, por cima, dá a volta, contorna males, retorna —
De explorado em explorador se torna,
E impiedoso com seus irmãos, em diversidade e adversidade.

Outrora em latifúndios,
Não empreendedores de espírito,
Mas complemento de gleba arrendada, sonho seu e mão de obra,
Pior ainda quando se desdobra em empreendimentos e sonhos
Que extrapolam a gleba e o latifúndio,
De história e condição inglória,
Escalada e vitória em pináculos da glória,
Sociedade e diversidade...

Enaltecido, reconhecido,
De fatores e salvo-conduto: o lucro,
Meios e barato custeio —
O suor da mão de obra, complemento de empreendimento,
Que remonta ao latifúndio e ao sonho seu,
Que realizara e extrapola a condição de burguês, topo do mundo...

E que negará à conquista, à correspondente escalação e benefícios,
Como a mão de obra que, em quase nada,
De conjunto escalara, acompanhara,
Que de muros e limites do latifúndio transpuzesse,
Embora, de servidão e sonho, o acompanhasse,
De fatores e salvo-conduto não reconhecido,
Para metas e sucesso que não o lucro,
E de permeios e baixo custeio — o seu,
Do ex-semelhante e companheiro de servidão,
Infortúnio e latifúndio.


                                                          Blog do Chiquinho Dornas



E de estradas no tempo e adventos,
Aconteceria, e empoderada, a natureza humana,
Outrora em servidão, adviria
Consórcios e compadríos com o antigo explorador,
A aristocracia de privilégios transmutada
Em altos escalões de burocracia e poder público.

Tomara o mercado, a usura e o poder público,
As leis da oferta e da procura para seu próprio interesse,
Manipulara insumos e rumos,
De mercado, pecados e crimes contra o segmento
De consumo interno das classes populares, à deriva,
Sem estoques reguladores, desprovidas de alternativas,
À mercê de tormentas, rumores e dissabores,
Cotações em dólar e mercado externo,
Que não abranje e não faça frente
A remunerações e à mão de obra...

                                                         blogpalavrasdiversas

Descompasso, desequilíbrio nosso, interno,
De seres humanos em tratos com o semelhante, o meio, a coisa pública.
E queremos ser Deus,
Submeter a Sua obra, destroná-lo de toda parte,
Encontrá-lo em nós, de altar e ego, para servirmo-nos.

Ansiamos por conhecimento que se nos traduza
Em poder absoluto, ilimitado...
Ó torre essa, de nós espraiada, que erigimos,
De caminhos para atingir os céus —
E perdemo-nos a meio do caminho,
Extraviados de nós mesmos, de essência, de escolhas e gestão,
Em despreparo de ciências...

Ó contraste, cópia imperfeita que evola de todos nós,
De caminhadas por estradas: a civilização...

Ó interna disputa e lutas,
Em que se espraia a violência, a dor, o sofrimento, a guerra, o desequilíbrio —
O céu e o inferno, contraste interno,
Que noite e dia evola, emerge de esboço e sombra
Em bacia de almas, o reflexo mágico, convexo,
Em espelho de fotografias: Narciso...

             imensidao-oculta.blogspot.com


Ó Deus, até quando deverei esperar o Messias,
Para fazer o que não faço,
Livrar-me dos embaraços,
Resolver a medida e o traço
Para a edificação da obra que soçobra?

Um salvador de minh’alma, de rumos e pátria...
Morra por mim, para que eu viva,
Doe-se, por minha avareza, em sacrifício...

Ó Deus, onde foi que se perdeu,
Corrompeu-se a chama que inflama o peito meu?
Ensina-me Tuas veredas, ó Justo,
Para que eu percorra e não morra na praia
Onde se espraia o sonho meu...






                                  





 



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