"Obs O blog é um campo de trabalho e passa como rascunho por uma revisão constante onde alem de fluência e naturalidade o que se busca é o aprimoramento da expressão"
Aspectos interessantes
A leste de Planaltina, seguindo por trilheiros e estradinhas que rabiscam uma faixa de cerrado outrora frutífera, encontra-se a Serrinha. E no alto da Serrinha, os resquícios de uma amurada antiga, feita com pedras empilhadas umas sobre as outras. Disseram-me tratar-se de uma obra antiga, oriunda de trabalho escravo.
Mamacadela


Logo depois da Serrinha e da amurada de pedras, para o leste (se não me engano), o cerrado se estendia — e, dali por diante, disseram-me, pertencia aos militares. Por essa razão, evitávamos explorá-lo.
À direita, no sopé da Serrinha, localizava-se a fazenda que premiava nossos olhos com uma linda várzea, aleatoriamente pontilhada por buritis, arbustos e belas árvores que se aglomeravam às margens de um pequenino afluente. Esse fio d’água, dirigindo-se lentamente ao riacho Mestre d’Armas, daria pelo caminho com Planaltina — e, recepcionado com esgotos, a atravessaria.
Vale do Amanhecer - comunidade religiosaDo outro lado do regato, transpondo uma colina — ou elevado — hoje existe um bairro.
(Obs.: Quando voltava, em noites de pescaria, eu gostava de, do alto do elevado, observar a cidade com suas luzes. E, sobre as janelinhas iluminadas, tecia conjecturas... Palco de quê seriam... naquele momento? Aleatoriamente, numa e noutra eu focava... O que rolaria? E os personagens? Como seriam? kkkkkk “leseira pura”...)
Ficava por ali a cachoeirinha do Pipiripau — local de banho brrrrrr, bastante frequentado. Logo abaixo, havia um frigorífico. E, nos fundos dele, após uma pontinha rústica e um pasto, vinha um cerrado que se avolumava, apresentando uma ocorrência fora do comum de araticuns (gostávamos dali!).
Logo abaixo, o córrego fazia uma curva, quase 180 graus — era um dos nossos locais preferidos de pesca.
Na sequência vinham o Vale do Amanhecer, o Morro do Catingueiro (ou da Capelinha) e, depois, o Pântano.
A Pedra Fundamental de Brasilia - morro do centenárioblogspot.com
Como a sonolenta serpente que escancara a boca envolvendo a presa, o riacho Mestre de Armas se espalha neste ponto e fagocita toda a mata — é o Pantano.
Ali, com água a dar pela cintura, caminhávamos através da floresta alagada até uma árvore tombada e, empoleirados sobre o tronco, demorávamos a pescar...
Dali, por vezes, incursionávamos até os fundos do Colégio Agrícola, onde furtávamos cana e tomates... w0sd.com
MarquinhosBsB
Morro da Capelinha
Imagine, caro leitor — “caso algum apareça” (kkkkk) — que, a partir do Morro da Capelinha, a paisagem que se espraiava foi considerada pela comissão Cruls como uma das mais belas já vistas por eles (hoje, infelizmente, desfigurada). Também, no célebre relatório, constam referências à piscosidade da região, fato que pude comprovar.
Ao norte de Planaltina, depois de uma faixa esplêndida de cerrado, rodovia, baixada e córrego, encontra-se o Monteiro, outro dos nossos pomares naturais; e, depois de longa — longuíssima — caminhada, a Lagoa de Bonsucesso e o Rio Paranã.
I
bacopari Foto Ana Rosa

Abaixo, antes da ponte, o Furnal (“córrego Fumal”) faz uma curva, e o local é ponto de banhistas, além de ficar na rota para a Lagoa Bonita.
A nordeste, na altura do posto fiscal, à esquerda da rodovia, numa vicinal “sem asfalto” (rota de São Gabriel), depois de uma longa e belíssima caminhada — com direito a gabirobas, muricís e mamacadelas, esporadicamente colhidos à beira da estrada —, enveredando por um desvio à esquerda, chega-se à Lagoa Feia de Formosa, que, por sinal, é belíssima.

Agora venha cá, caro leitor, se um dia eu tiver algum, aproximemo-nos de Planaltina e, dentre outras coisas, vou te falar dos dois córregos e também da zona de Planaltina, o bordel. Volta e meia estávamos lá. Ali aprendi a conhecer e a respeitar as mulheres, independentemente do que façam ou deixem de fazer. Recolham-se por convicções em um convento ou atuem por necessidades em um bordel, toda mulher merece respeito e consideração. Seja dedicando-se ao lar ou nas diversas áreas desta sociedade desigual que, para alguns, concentra privilégios e, para outros, democratiza carências, nesse nicho — a zona e as mulheres neste contexto servindo — são como válvulas de escape e produto de tudo isso...
As virtudes, defeitos, fraudes, honestidade, descrença e fé encontram-se em toda parte.
Imagine o cliente, se é desses que por vagabundas e derivativos as tomam. Que o dinheiro com que lhes paga, quando pagam, em algum bairro da cidade, num canto qualquer, pode estar financiando no seio de uma família considerada normal, “um lar normal”, para um ou mais filhos destes derivados de situações de abandono ou negativas de paternidade.
Estávamos sempre por ali, e o Batista então, nem se fala... este amigo de todas as horas... compartilhamos, além da amizade verdadeira, momentos belíssimos e inesquecíveis que deixaram saudade...
Visitei-o muitos anos depois... ele deixara o vício e, com a esposa, tornaram-se evangélicos. Vivem felizes com os filhos que tiveram e com uma das filhas de outro relacionamento do meu amigo... falou-me com evidente orgulho dos filhos; alguns são músicos e atuam na igreja... levou-me para conhecer seu xodó, uma canoa improvisada de um teto de kombi, e me convidou para muitas pescarias...
Obs.: Que surpresa maravilhosa recebi ontem, dia 11 de maio de 2012, a visita do meu amigo Batista. Chegou aqui de surpresa com a esposa, uma filha e uma neta, e com outra surpreendente e belíssima surpresa: o fato de que um de seus filhos, o Pedro Herique, esteja no programa Astros do SBT e arrebentando...
Posto aqui o vídeo deste garoto simples que brota de um rescaldo difícil e muito sofrido, fato este que, com certeza, embasa a expressão do sentimento deste talento genuíno... Portanto, é com evidente orgulho e emoção que posto aqui o vídeo deste garoto puro, oriundo do povo desta gente acolhedora e simples que permeia nossa pátria...
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