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Deixemos a bela e acolhedora metrópole “ecologicamente correta”,
com suas belas avenidas e ônibus superlotados,
e reportemos à nossa bucólica e querida Vila Boa...
Espécie de ego comum,
tributar-se-á à Vila Boa
do emocional de cada um,
de cada psico-Cidadela...
em matizes de areias...
pegadas e aquarelas...
da matéria do sertão...
no cinzel de Veiga Valle,
arte, sopro, emoção...
Ponto de convergência
é a casa da ponte...
absorve com ciência...
do coração da poetisa...
apurado no tacho...
onde tudo sintetiza...
de ruas e das vielas...
dos ecos no dia a dia
sussurrados sob a ponte...
murmurando Poesia...
Rompido de corações
e testado na desventura,
o sentimento cidadão,
cidade comunidade,
concertado na comoção,
rompera da cidadela,
extrapolara o sertão,
adensando no trajeto
opiniões e fragmentos...
no esboço do projeto,
resultado da coletânea
de um esforço coletivo,
de maneira espontânea...
uma doação sincera...
do azulejo do sobrado
ao chão batido da tapera.
Rebrotada da poesia,
burilada no sertão,
Vila Boa renascida
da feliz interação.
Cidade comunidade
configura patrimônio
pra toda humanidade.
Repercute da televisão
um festival que fica...
destilando cultura
e atraindo turistas,
enquanto se festeja
um alerta, quem sabe,
da própria natureza,
e o saldo da inundação
que depredou o cenário
na pluvial precipitação,
um sonho fragmentado...
caco a caco colado,
a solidariedade juntara,
e a cruz do Anhanguera
ao pedestal retornara...
apontasse contradição...
soaria deselegante...
após a reconstrução...
depreciar um território
de ninhos e de tocas...
de nascentes, voçorocas...
encontrasse eu motivo...
que lograsse penetrar...
o inconsciente coletivo...
na auditiva sugestão
de um ranger na madeira,
despertasse a atenção...
oxalá isto comovesse...
E a sorte do desvalido...
despertasse o interesse...
e apoio ao desajustado,
mãos se estendessem...
de tratados então rompesse
o princípio da igualdade,
amalgamando na diversidade...
um patrimônio, solidariedade...
Grupo de bóias-frias, envolvido pela neblina,
à espera de condução... cena comum no interior do país...
O despejo da diversidade
em prol da monocultura
potencia desigualdades,
a ciranda da concentração
sob a égide do latifúndio
sacramenta a exploração.
Aduba o êxodo rural...
e o futuro na educação...
é argumento definitivo...
Portanto, dos pertences apurado,
e o resto no caminhão aboletado...
sacoleja-se agora a família...
mais uma do campo rumo à periferia.
A esteira do caminhão...
uma poeira de estrada...
na despedida do sertão...
escoa doce e sagrada...
escoando um rincão...
embaciando olhares...
argamassando no pranto...
impregnando pesares...
semeiando em barranco...
um desses da periferia,
uma família do campo
a colher necessidades
e amargar no desemprego,
um bico e a boa vontade
configura no contexto...
a necessidade do pão...
aproximando rejeitos...
um destino... o lixão...
Epílogo 1
Sob o filete tênue de fumaça que serpenteia esmaecendo...
o naco de carvão acaba por extinguir-se, desintegrando...
Final de ato...
os fantasmas envoltos em fuligem vão se recolhendo,
e o cenário agora parece acomodar-se,
entregue às moscas e ao companheiro Totó...
num canto, com a pança estufada,
e a vaguear por brumas etílicas,
o churrasqueiro dormita esparramado numa rede...
Epílogo 2
Sobre o caixote improvisado de mesa
e em meio a restos do "churrasquinho de gato",
uma garrafa vazia, um copo por terminar
e um esboço sofrível fermentam
sob improvisadas cortinas
que se revolvem na janela do cortiço.
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